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A cada dia que
passa, vemos aumentarem as iniciativas em prol dos animais.
Mais e mais grupos
são criados nas redes sociais, e seus donos enviam convites para novos
participantes. Muitas são as pessoas que participam de inúmeros desses grupos,
sendo boa parte deles voltada para a proteção animal. Temos um sem fim de
participantes nas listas já existentes no Yahoo grupos e similares. O número de
pessoas que participa dessas atividades aumenta em proporção geométrica.
Grupos,
comunidades, páginas ou listas de discussão, não importa. O grosso dos tópicos
e mensagens é formado por apelos para socorrer animais. É bicho atropelado,
doente, sofrendo maus tratos, confinado sem alimentação em casa fechada, mamães
parindo nas ruas, filhotes sob risco de atropelamento, envenenamento, CCZ… devo
estar esquecendo uma porção de outras situações, com certeza. O fato é que
todos esses animais precisam de ajuda. E é pra ajudá-los que essas
iniciativas existem… OU NÃO??
Inúmeros também
são os protetores independentes, grupos, projetos e entidades de proteção
animal que se desdobram para socorrer 1, 2 ou 10 desses animais, mas ainda
ficam pra trás centenas… A demanda é muito maior do que a oferta.
Políticas
públicas, castração em massa, leis menos brandas e efetivas, divulgação dos
conceitos de posse responsável … e mais outras tantas medidas que poderia
enumerar aqui, com o objetivo de mudar o cenário atual que temos da proteção
animal, são extremamente necessárias. Mas isso é outro assunto, envolve pessoas
muito mais qualificadas do que eu pra discorrer com conhecimento de causa.
Escrevo este
texto pra tentar esclarecer uma dúvida para mim mesma, nunca consegui uma
resposta coerente nestes quase 13 anos que convivo com o meio da proteção
animal.
Por dedução, os
participantes dessas listas e os membros dos grupos gostam de animais e se
sensibilizam com a situação relatada nas publicações. E não posso acreditar que
participem só prá ver a situação de calamidade dos animais abandonados, maltratados,
condenados à morte…como se estivessem lendo um jornal ou assistindo o
noticiário da TV.
Desligar o
computador, fechar o jornal ou apertar o “off” no controle da TV não muda a
realidade que está lá fora. Mudar o rumo das notícias que lemos no jornal ou
assistimos na TV nos parece utopia... mas pode não ser! Uns poucos grupos se
movimentam em prol do exercício da cidadania, promovendo atitudes de protesto
em relação a certos fatos que são noticiados. Pouquíssimos são os grupos ou
protetores independentes que visitam os vereadores de suas cidades
(principalmente os que foram eleitos levantando a bandeira da proteção animal)
para sugerir a elaboração de leis ou medidas municipais que possam amenizar a
situação de sofrimento dos animais abandonados. Políticos fazem leis, e ninguém
melhor do que pessoas da proteção animal para sugerir leis adequadas e
necessárias para a região, dependendo da realidade do local. Não, políticos não
vão a campo socorrer animais nem investigar maus tratos. E não, eles não
“mandam” nos órgãos públicos que deveriam fazer isso. Podem enviar ofícios dos seus
gabinetes pedindo ação por parte dos órgãos públicos, mas não tem autonomia pra
“mandar” nesses órgãos. Então, quando vejo a pergunta: “Cadê os políticos que
se elegeram levantando a bandeira da causa animal??” em alguma publicação onde
os órgãos públicos deveriam atuar, pergunto: “Cadê os protetores que elegeram
esses políticos e não visitaram seus gabinetes para sugerir leis necessárias
para a proteção animal??” São pouquíssimos os políticos eleitos que já empunham a bandeira há muito tempo e que talvez nem precisem da proteção animal para elaborar leis adequadas, pois conhecem a realidade de suas regiões. Quanto aos demais eleitos, que chegaram há pouco tempo, não seria necessário discutir sobre o que é necessário? E se não houver político eleito com a bandeira da causa em sua cidade, que tal tentar arrumar um que ao menos escute a proteção animal?
Mas mudar esse cenário
envolve muita gente, muitos interesses… talvez um dia, quem sabe, quando
conseguirmos acertar nas eleições em muitas cidades, não é? E tivermos também
protetores mais atuantes junto aos políticos eleitos, discutindo elaboração de
leis que amenizem o sofrimento dos animais.
Mas voltemos à
proteção animal. Nas listas e comunidades há grupos distintos de pessoas,
algumas fazendo parte de vários desses grupos:
=> aquelas que
vão a campo socorrer animais ou os recebem após o resgate;
=> aquelas que
divulgam e fazem o repasse dos apelos;
=> aquelas que
promovem atividades para angariar fundos para ajudar animais socorridos ou
abrigos;
=> aquelas que
ajudam animais de forma fixa, contribuindo financeiramente;
=> aquelas que
passam orientação jurídica ou veterinária.
Esqueci algum?
Ah, sim,claro! Um grupo do qual também faço parte:
=> dentro do
grupo de protetores de campo, temos aqueles que, quando socorrem/acolhem
animais, precisam de ajuda pra abrigá-los e tratá-los. Então, depois de um bom
banho de “óleo de peroba” (que já estamos até acostumados a passar), soltamos a
mensagem pedindo ajuda para ração, medicamentos e despesas veterinárias que os
animais socorridos precisam.
Faltaram mais dois
grupos de pessoas:
=> aquelas que
fotografam e divulgam os apelos, mas não se envolvem com absolutamente nada,
apenas com a “cobrança”, muitas vezes insistente e indignada, para que alguém
socorra e acolha o animal abandonado que elas viram (é comum vermos a pergunta
“Cadê os protetores?” “Cadê as Ongs?” – como se protetores e Ongs tivessem a
obrigação de acolher todos os abandonados que as pessoas vêem; como se
protetores e Ongs tivessem espaço físico e recursos financeiros infinitos para
cuidar de todos);
=> aquelas que
lêem os apelos, ficam tristes pela situação relatada nas mensagens, até se
sensibilizam com o cenário descrito, mas não ajudam... nem ao menos divulgam,
para aumentar as chances de alguém socorrer o animal. Desligam o computador
entristecidos, e voltam a ele no dia seguinte, pra ver se alguém atendeu os
apelos e socorreu os pobres animais. E também para ler os novos apelos que
entram aos montes todos os dias.
Qual o motivo
para essa atitude? Talvez a desunião do movimento de proteção animal, já tão
conhecida no meio; a luta pelos holofotes; as desavenças e ofensas públicas
entre protetores; a dúvida sobre a veracidade do relato no apelo e a idoneidade
de quem o faz. Tudo isso pode confundir e gerar dúvidas para as pessoas destes
grupos, especialmente o segundo. Mas
recomendo que, em caso de dúvidas, perguntem, investiguem, comprovem a
existência e a necessidade dos animais. Se ainda houver dúvida, peçam a conta
do fornecedor de ração ou da clínica veterinária, ajudem diretamente
depositando na conta deles; ou comprem ração ou medicamentos necessarios e mandem entregar, ou levem pessoalmente, se for possível. Aquelas moedas que estão no fundo da gaveta, dos
bolsos ou bolsas podem representar a alimentação diária de um animal ou um
medicamento que ele precise. Não farão a menor falta no orçamento, mas farão
toda a diferença para ele.
O trecho copiado
abaixo, escrito já há algum tempo, é direcionado às pessoas destes dois últimos
grupos.
MIAUbraços,
Iridê
Projeto SOS Felinos
Publicado em 08/04/08
Revisado em 04/10/13.
“…
Por mínima que seja sua participação, muitos “poucos” transformam-se em “muito”
quando há união de esforços com um objetivo comum. E isso faz toda a diferença!
Mas cabe a você
decidir se quer participar desta união de esforços.
E cabe a você
descobrir se o nosso objetivo é comum a você, e se você realmente está disposto
a ajudar os animais de alguma forma.
Cabe a você
identificar se você tem algum objetivo em prol da causa animal, seja ele qual
for, que o leva a participar de grupos/comunidades/listas e navegar por
sites/blogs de proteção animal (não pode ser só prá ver a situação de
calamidade dos animais abandonados, maltratados, condenados à morte…como se
estivesse lendo um jornal ou assistindo o noticiário da TV)
Cabe a você
buscar dentro de você a resposta para as seguintes perguntas:
“O que eu estou
fazendo aqui?”
“O que eu quero
fazer aqui?”
“O que eu posso
fazer aqui?”
“Como eu posso
beneficiar os animais abandonados?”
E cabe a você,
tão somente a você, agir em prol da causa animal da maneira que seu coração
pedir e sua razão permitir… ou talvez optar por afastar-se dela, se não
encontrar suas respostas. O importante é ser verdadeiro com você mesmo. Você
quer MESMO fazer alguma coisa?
Pense nisso…
E a gente fica
por aqui!
Torcendo pro Sol
clarear todos os cantos prá facilitar sua busca…
Torcendo prá você
socorrer ao menos uma das estrelas-do-mar nas areias da praia e jogá-la de volta
ao mar…
Torcendo prá você
optar por fazer a diferença de alguma forma!”